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O Amor Divino (preview)

Palestra de 1º de novembro de 2014


Todos os Grandes Mestres recomendam que façamos preces, pois elas são uma forma de comunicação com Deus. Durante a prece, abrimos nosso coração para Deus, para o Ser, e é quando ele nos ouve. Também é quando nos limpamos do ódio, das amarguras, das eficiências e daquilo que nos traz sofrimento.

Bhagavan Sri Ramana também fazia preces. Ele vivia no Ashram, aos pés de Arunachala, a montanha sagrada, e costumava repetir: “Oh, Arunachala! Quando serei devorado por ti?” Arunachala é onde se manifesta o Shiva e há o fogo sagrado. Na Índia dizem que constantemente existe uma luz, um reflexo como se houvesse uma tocha acesa no topo da montanha. Ele costumava caminhar ao redor da montanha enquanto fazia suas preces. Junto dele, iam os discípulos, que anotavam tudo e, por isso, para nossa sorte, hoje podemos conhecer as preces que ele recitava. Guru Nanak fazia preces e cantos que foram transformados em louvor à Krishna, à Força Suprema. São Francisco de Assis fazia preces, Dadaji J.P. Vaswani faz preces. Sri Maha Krishna escreveu muitas preces. Em duas delas, maravilhosas, ele pede ao Cristo que nos abençoe e, por isso, as repetimos ao abrir nossas reuniões espirituais. Sempre fiz preces e um dos pedidos é que os Mestres me deem coragem, que eu nunca perca a fé e que não deixe a dúvida entrar em meu coração, pois quando a dúvida entra, a fé se vai.

As preces trazem consolo. Quero que sintam a força das preces e, quando houver necessidade de uma oração, de um louvor, um cântico devocional, façam-nos. Cantem alto, porque, ao cantar, o corpo vibra, e essa é uma forma de limpeza, além de trazer muito conforto. Quando forem atender a uma pessoa necessitada, façam uma prece e, quando a fizerem e meditarem, que Deus dê a cada um de vocês alguma forma de poder abençoar o semelhante. Que possam levar a força do perdão, do esquecimento das ofensas, de promover os minutos de silêncio, para que juntos possamos trazer harmonia, pois o mundo precisa muito de harmonia.

As pessoas dizem que querem ser felizes, mas para elas apenas sua própria felicidade importa, e os outros que se arrumem. Estão felizes porque têm o que comer, não se importando se há outros morrendo de fome. O egoísmo é geral e há uma grande carência de amor. Amor é o fundamento do Divino. Nós meditamos e fazemos silêncio para encontrar o Divino, e a única forma de saber se realmente estamos no caminho certo é quando conseguimos olhar o outro, perdoar, esquecer e amar.

É com o amor que tocamos o semelhante. Na Índia eles falam no dharshan, que é quando aquele que é um com o Divino, que está sintonizado com o Divino transmite o amor universal. Há uma carência muito grande de amor; as pessoas vêm e pedem um toque, um olhar.

O amor verdadeiro, o amor de Força, o amor de Deus não é aquele que as pessoas, num dia, dizem amar e, no dia seguinte, ficam com raiva, desprezam, maltratam. O amor verdadeiro é quando tocamos o coração da pessoa com o olhar e ela sente a Força Divina e passa a buscar sentir aquele amor o tempo todo, de forma que a busca da pessoa passa a ser pelo Divino. Isso porque ela sente o amor, a Força, a Luz e quer aquilo, quer sentir o Divino que está em nós. Com esse amor, que é do Divino, podemos levar o outro para o mesmo caminho e ajudá-lo. Quando alguém sente o sabor de uma coisa maravilhosa, que é o Amor Divino, deseja senti-lo o tempo todo. O importante é tocar o coração da pessoa. Se conseguirmos que a pessoa sinta o amor e venha para a busca espiritual, é sinal de que já estamos no caminho do amor universal.

Expressando amor, estamos expressando Deus, pois Deus é amor. Quando realizamos Deus, a dualidade da busca cessa e já não dizemos amar ou não amar, porque não somos nós que estamos amando, é Deus que está se manifestando através de nós. As pessoas não vão buscar isso com qualquer pessoa, elas sabem intuitivamente quem expressa o amor divino e, ao receber o toque, despertam para um caminho espiritual. Por isso há multidões em torno dos Gurus e homens santos como Dada J.P. Vaswani, todos querem uma bênção, um toque, pois têm a certeza que estão sendo tocados por Deus.

Hoje entendo porque muita gente fica embaixo da janela do Dadaji ou de outros Gurus e pessoas santas o tempo todo com as mãos postas pedindo a bênção: se não conseguirem sentir o amor de outra forma, que pelo menos alguém as toque. Essa é a nossa função, a função de quem vai trabalhar para encontrar Deus.

Bhagavan Ramana trabalhou para que, através do Silêncio, possamos sentir o Divino, despertar o amor verdadeiro, que é Deus. O Divino não se manifesta de outra forma que não seja amor. Só vamos expressar o Divino que somos quando sentirmos amor universal em sua plenitude: amor às plantas, aos animais, a todos os seres, agindo com caráter, respeito, não maltratando, não ofendendo, não sentindo ódio. O mundo atual está cheio de ódio.

Dizem que, quando Bhagavan olhava para a pessoa, transcendia o físico dela e via o Ser que somos, o amor era tão grande que a pessoa também transcendia seu próprio físico e tomava consciência da Força Divina. Os olhos são manifestação também e é através deles que transmitimos a Força, em seguida vem o toque. A Força de Jesus era tão grande, o amor ao Ser era tão grande, que ele não precisava tocar, ele só olhava e as multidões, o universo todo recebia aquela Força. Isso porque a Força que vem dos olhos ou da mão é a Força que vem do amor do coração, é o Divino manifestando a Força Suprema.

Vamos curvar nossas cabeças e reverenciar o Amor Divino. Que ele nos abençoe, como tem nos abençoado até hoje, e que tenhamos humildade para não nos desviarmos do caminho. Abençoe-nos para que não tenhamos medo do Silêncio, do qual, por ser tão forte, às vezes tentamos fugir, buscando divertimentos. Não busquem outra coisa que não seja a paz do Divino e tentem se manter com ele as vinte e quatro horas do dia. Peçam que se mantenham no caminho de Deus, que não se esqueçam do Cristo. Coloquem-no ao seu lado e caminhem com ele.

Que vocês não percam a fé, que não deixem que as pessoas lhes digam que seu objetivo espiritual é uma tolice. Vivam a vida que tiverem que viver, pois ninguém está pedindo enclausuramento, mas não se esqueçam do amor do Divino que tem que estar no coração de cada um. Cada vez que forem ter um momento ou ato de raiva, ódio, ciúmes, inveja, que são muito ruins para o ser humano, ou quando perceberem que estão desejando o que o outro tem, cortem. Se tiverem um momento de ira, cortem, não soltem aquilo, lembrem que o Divino é sempre amor. Quando tiverem um ato qualquer que não seja de amor, é porque não estão com Deus. Relevem as ofensas e não matem nenhum animal. Há pessoas que vão para outro país para caçar, tirar a pele dos animais para vesti-la como casaco. Isso é matar Deus, é ofender o Pai, porque a criação toda é dele, tudo é lindo, maravilhoso. Os animais reverenciam Deus à sua maneira. Eles o conhecem, são puros.

Costumamos dizer que somos filhos ou a semelhança de Deus, e somos. Mas quem quer obedecer ao Pai? A maioria não quer obedecer a Deus ou às leis divinas e busca outras leis que não as do Divino.

Se cada um puder fazer com que a vibração do amor reine em si, essa Força se espalha e podemos fazer com que vá crescendo. Para isso existem os templos, as igrejas. Estive em um local onde havia quatro freiras tirando fotos, abraçadas e felizes. Lembro-me bem porque foi no dia do meu aniversário. Senti um amor tão grande pelas vestes brancas, pela alegria que estava acontecendo, que abracei uma delas e pedi: “Também quero um abraço do Cristo, porque hoje é meu aniversário”. Elas me abraçaram de volta e eu disse: “Agora estou feliz porque o Cristo me abraçou”. Sabemos que, quando alguém veste uma roupa branca, tem que ser puro como ela. Devemos ter reverência porque está dedicando a vida ao Cristo, o que muito pouca gente faz na Terra atualmente.

Tomemos consciência do amor, para que possamos espalhar amor e respeito. Se o amor divino for manifestado em seus corações, tenho certeza de que, em cada lugar que passarem, as pessoas vão olhá-los, vão cumprimentá-los, vão se sentir atraídas, pois o amor de Deus é como um ímã: quem o sente quer aquela Força. Quem o tem ouve: “Você tem uma coisa que eu não sei o que é: um brilho, uma luz”. Sei que vocês ouvem isso.

Que possamos ser abundantemente abençoados, reverenciando o Cristo de Todos os Tempos. O objetivo de Bhagavan é nos levar para o Cristo. Ele não quer que ninguém o adore, mas sim que atinjamos o Ser que somos, o Cristo que somos, o Shiva, o Krishna, o Rama que somos. Nós nos reunimos para reverenciar e pedir que eles nos abençoem para que possamos expressar o Ser na plenitude do Amor do Divino, sentindo o Silêncio, perdoando e dando carinho a todos os seres do universo.


(Extraído do livro "O Divino é Amor", de Mataji Sutra Maha Devi)


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