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Maha Gita Purusham do Bem-aventurado (preview)
Introdução



Sri Maha Krishna Swami, como todos os Mestres da Maha Yoga – A Grande União Universal, alerta que os seres do planeta Terra sofrem da “doença” do dualismo, vendo-se sempre separados do divino, dos seus semelhantes, separados de tudo o que fazem. Agem como se fossem os autores de seus atos, desejam os frutos de suas ações, quando, na verdade, são apenas instrumentos da Vontade Suprema, ainda que estejam inconscientes dela. Ao se falar em “instrumento da Vontade Suprema” não se está referindo a fatalismo, ao cumprimento de um caminho previamente traçado para cada pessoa, com desigualdades de chances e condições.

Os ensinamentos contidos no MAHA GITA PURUSHAM DO BEM-AVENTURADO vão além de soluções paliativas para as dores quotidianas, mostrando os reais valores, conforme a lei da harmonia cósmica, onde não há sofrimento, nem preocupações ou problemas, mas o constante fluir da Consciência Cósmica. Pela conscientização de sua real essência, os homens encararão as atribulações do dia-a-dia como elas realmente são: passageiras, circunstanciais e ilusórias, uma vez que aparecem e desaparecem. A consciência de si mesmo dimensiona de forma segura todos os valores, e o homem passa a se ver como realmente é: divino, harmonioso, feliz.

Existe, porém, uma profunda ignorância espiritual que se alastra sobre a Terra, por todos os espaços, por todos os aglomerados humanos. A mística antiga e a tecnologia moderna não responderam às indagações dos homens, ou, se responderam eles não ouviram, ou se ouviram, não entenderam, pois estão ofuscados demais por sua cegueira, possuídos inteiramente por sua gana de ter a acumular, ensurdecidos pelo clamor dos sentidos, incapazes de ouvir a mais gritante Verdade, o mais óbvio de todos os conceitos, estão impotentes diante da mais singela e sutil mensagem de paz que


“Surgiu
Do Ser
Suavemente,
Afastando sombras
E inconsciências.
Com sua Luz
Abriu
As mãos
E os corações.”


Hipnotizados pela poderosa ilusão gerada pela mente pensante e pelos sentidos, os homens não se autoconhecem. Procuram-se em mil direções exteriores, cósmicas até, mas não se procuram onde sempre estiveram. O homem é capaz de sentir suas mãos, movimentá-las para produzir uma suave melodia ou uma arma destruidora; é capaz de sentir seus pés e caminhar pelos espinhos, pelas águas ou pelo ar; é capaz de sentir sua cabeça e produzir infindáveis pensamentos, raciocínios, teorias incompreensíveis, ou palavras doces; porém ele é incapaz de sentir sua essência: a Vida. Onde está a Vida no ser vivo, no ser humano que atingiu o glorioso estágio do raciocínio?

O estilo do MAHA GITA PURUSAM DO BEM-AVENTURADO é rico e variado. Aproxima-se ora do prosaico:


“Para aquele que está apegado
Ao corpo e aos prazeres
Não há libertação.”


Ora do poético:

“Flores cintilantes
Deram-se essência.
Escadas azuis
Iluminaram a noite
Do sonho.
E tanto o Eterno
Que nunca sentirei
O respirar dos abismos.”


É inovador:

“Das flores que eu mesmo colhi
Trarei semimanhã,
Arco-íris
E perfumes de folhas.”


É luminoso:

“Antes eu não existia
Agora nascem-me asas.
Tomo a forma da Luz
E o sentir da eterna paz.”


É grandioso:

“Sou o senhor do sábado,
Do domingo,
De todos os dias da semana,
De todos os meses do ano
E dos ciclos intermináveis
De todos os sistemas planetários.
Sou o senhor da eternidade.”


É terno:


“A Consciência Suprema
Veio chegando
Suave e silenciosa
Como a brisa na primavera.
Em verdade não a vi,
Apenas senti
Como se sente sem ver,
O toque do vento.”


Os Grandes Mestres são lembrados na essência de seus ensinamentos. Jesus Cristo e a virtude do amor universal:


“Ele é o Cristo dos oprimidos,
Dos que têm fome
E sede de justiça,
Dos que sofrem perseguições,
Dos esgotados pelos ciclos de sofrimento.”
“E a força é a eterna mensagem:
Eu sou o Caminho, a Luz,
A Vida e a Verdade.”


Krisha e o desapego aos frutos da ação:

“Amo aquele que
Não se apaixona nem odeia,
Não deseja nem cobiça,
E desapega-se das ações,
Tanto boas como más.”


Budha e a libertação da dor:

“Sábio é aquele
Que procura a origem
De seu sofrimento
E, encontrando-a,
Prontamente a ele renuncia.”


Ramana é constantemente lembrado, nos ensinamentos que mostram a unidade, que o Ser Supremo é a única realidade:

“Sempre estive
À procura do Ser,
Mas ao realizá-lo,
Sinto que sou o Ser.
O Ser é tudo.”


Esse Gita foi dividido em duas partes. O BEM-AVENTURADO e O CONSOLADOR. Na primeira, são mostrados todos os valores que não são. O Bem-aventurado é aquele que tem a intuição pura plenamente atuante e pode, por isso, apontar todos os pontos distoantes que os homens produziram na grande harmonia cósmica. O Bem-aventurado não é o contemplativo isolado no bosque ou no alto de uma montanha gelada, mas aquele que tem olhos que enxergam, ouvidos que ouvem, pés que caminham.

O Bem-aventurado arranca a máscara do ego, desmistifica os falsos valores tão amorosamente cultuados pela humanidade iludida. O Bem-aventurado é o Mestre que veio, não para elogiar o ego dos discípulos ou das pessoas que o ouvem, mas justamente para apontar o erro e mostrar o caminho para a autoconscientização. O Bem-aventurado desfaz, com um golpe certeiro, a ilusão do ego, da mente pensante, dos sentidos e mostra o brilho do Ser Supremo, que está em cada partícula da manifestação. Mostra a unidade que há entre todos os reinos da natureza. Acena com a possibilidade de cada um tornar-se consciente dessa unidade, ao tornar-se consciente de si mesmo.

Ao mostrar que o Ser Supremo está refletido em cada partícula do universo, o Bem-aventurado mostra também o elemento essencial, o ingrediente básico que une cada uma delas: o amor universal. Esse amor impregna tudo o que é manifestado, embora os homens o tenham banido de seu convívio, de seus corações. Mas o Bem-aventurado faz derramar sobre todos o néctar desse amor supremo e transforma-se no Consolador. É ele quem suaviza, com infinito amor, a dor de não-ser; é ele quem, com paciência sem limite, indica os caminhos do Ser; é ele quem aponta incansavelmente para a harmonia, a paz que há em tudo e em todos; é ele quem, com decisão inabalável, arranca os densos véus que encobrem a pleno discernimento e ofuscam o brilho do Sol Supremo.

O Bem-aventurado e o Consolador: a aparente dualidade que reúne o que está disperso em um único feixe: a aparente dualidade que revela a unidade de tudo o que existe. O Bem-aventurado aponta a desarmonia, arranca-a, desestrutura-a, abala as falsas crenças e convicções ilusórias; o Consolador acalenta o amarguardo, embala com doces Verdades a coragem para que se unam as forças e se forme

“A Comunidade Perfeita,
A Comunidade dos seres
Que vivem em harmonia
E amor supremo,
Conscientes do Divino Ser.”


O Bem-aventurado mostra a ilusão do tempo, e efemeridade da manifestação, a falsidade das crenças, o erro no apego aos frutos da ação, o equívoco de se crer no ego, a confusão da mente pensante; o Consolador mostra a eternidade do Ser, a harmonia da natureza de cada uma – a divina, a infabilidade da divina intuição.

Enquanto os ensinamentos severos e cortantes do Bem-aventurado atacam de forma indefensável os pseudovalores dos homens, a doçura do Consolador traz o brilho das estrelas e a paz do Ser para os corações das pessoas, preenchendo-os de paz e harmonia supremas.


(Extraído do livro "Maha Gita Purusham do Bem-aventurado", de Sri Maha Krishna Swami)


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